sexta-feira, 4 de março de 2011

pipas vermelhas

meio perdi
sem nada, aparente, para fazer
vou a minha janela
olho o muro azul com manchas pretas
com galhos da mangueira do vizinho
mostrando suas folhas verdes vivas
e ao fundo, lá no céu azul acinzentado
lá em cima, com nuvens espaçadas
que revelam a chuva que passou
vejo, espantadamente, uma pipa
vermelha com sua rabiola esvoaçante
subindo e subindo
livre

e começo a me imaginar
alçando voo
me vejo do lado dela
livre, voando, solto
a cauda, majestosa, ao meu lado

e surge outra vindo, tímida, ganhando o céu
e se juntando a nós

para baixo tudo se torna microscópico
pequeno
pessoas, casas, problemas
tudo fica distante
supérfluo

e as pipas continuam livres, vermelhas, felizes
e eu as observando, sonhando
e desejando ser algum dia pipa
pipa vermelhas intensa, livre e majestosa

Leonardo X. Gonçalves

2 comentários:

  1. Gostei da sua afinidade poética!
    Legal!
    Beijos

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  2. ...pipas amarelas, vermelhas, brancas, azuis...

    ...dão o colorido no azul celeste...

    ...amarela, vermelhas, brancas, azuis, são elas, as pipas...

    ...e assim, bailando ao sabor das leves lufadas do alto, no infinito vão fazendo a diferença...

    ...e é assim...são as diferenças que dão cor e embelezam a vida!

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